Eficácia & Eficiência.

O mercado condominial, onde os desafios se multiplicam, a busca pela eficácia no gerenciamento torna-se crucial. Nesse contexto, emerge uma distinção fundamental: a eficácia, que se relaciona a fazer as coisas certas, e a eficiência, que está intrinsecamente ligada a fazer as coisas da maneira certa. Para entender e aplicar essa dicotomia de forma prática, é fundamental buscar nas obras de especialistas que exploram essa temática com profundidade.

 

No contexto da gestão condominial, a reflexão sobre a eficiência e eficácia ganha ainda mais relevância. Para aprofundarmos nesse tema, vale a pena explorar as perspectivas do renomado autor Peter Drucker, considerado o pai da administração moderna. Em sua obra seminal “o Gestor Eficaz” (1990), Drucker oferece insights valiosos que podem iluminar o caminho dos síndicos e administradores de condomínios na busca por uma gestão mais eficaz.

 

Segundo Drucker, a eficácia reside na seleção criteriosa de objetivos que verdadeiramente impactam os resultados desejados. No âmbito condominial, isso implica a necessidade de estabelecer metas claras e alinhadas aos interesses dos moradores, do síndico e da administração. A definição cuidadosa desses objetivos não apenas direciona os esforços de forma estratégica, mas também cria um senso de propósito compartilhado, promovendo a coesão na comunidade condominial.

 

Além disso, Drucker destaca a importância da eficiência como a otimização dos meios para alcançar esses objetivos. Para os síndicos e administradores, isso implica a adoção de práticas e processos eficientes que maximizem a utilização dos recursos disponíveis, sejam eles financeiros, humanos ou temporais. A busca pela eficiência na gestão condominial envolve a implementação de sistemas que agilizem tarefas rotineiras, garantindo maior produtividade e, consequentemente, contribuindo para a satisfação dos moradores

 

Seguindo na mesma linha, mas com outros olhares, consideramos as perspectivas de autores renomados, como Stephen Covey, cujo impacto no campo da administração é evidenciado pelo best-seller “Os 7 Hábitos das Pessoas Altamente Eficazes” (2017).

 

Stephen Covey, notável por suas contribuições à gestão pessoal e profissional, ressalta que a eficácia na administração de condomínios está intrinsecamente relacionada à compreensão profunda das prioridades e à adoção de uma postura proativa. Para os síndicos e administradores, isso implica não apenas na identificação de questões urgentes, mas, crucialmente, na habilidade de discernir entre aquilo que é urgente e aquilo que é verdadeiramente importante para o bem-estar da comunidade condominial.

 

Ao aplicar os princípios coveyanos, é vital evitar a armadilha comum de se perder em tarefas imediatas que, apesar de demandarem atenção imediata, podem não contribuir de forma significativa para o aprimoramento e a harmonia no ambiente condominial. Nesse sentido, os gestores são desafiados a desenvolver uma visão estratégica, promovendo ações que visem não apenas à solução de problemas emergenciais, mas também à construção de um ambiente sustentável e saudável para todos os moradores.

 

A gestão proativa preconizada por Covey destaca a importância de antecipar desafios, buscando soluções preventivas e adotando práticas que promovam a eficiência operacional do condomínio. Dessa forma, os síndicos e administradores são incentivados a implementar políticas que favoreçam a transparência na comunicação, a participação ativa dos condôminos e a manutenção adequada das instalações, contribuindo para a valorização do patrimônio e o fortalecimento do senso de comunidade.

 

 

Ao abordar a eficiência nas operações condominiais, a obra “A Meta” (2003) de Eliyahu M. Goldratt oferece não apenas uma analise, e também um manual para síndicos e administradores que buscam aprimorar a gestão de seus condomínios. Goldratt, por meio da “Teoria das Restrições”, destaca a crucial importância de identificar e superar as restrições ou gargalos que limitam o desempenho de um sistema.

 

No âmbito condominial, esse conceito pode ser aplicado de maneira estratégica para otimizar os processos operacionais, visando garantir a qualidade dos serviços prestados aos condôminos. Identificar e eliminar obstáculos que possam comprometer a eficiência é uma medida essencial para assegurar o pleno funcionamento e a satisfação dos moradores.

 

Dentro desse contexto, é fundamental que os síndicos e administradores estejam atentos aos processos-chave que impactam diretamente a vida em condomínio. Isso inclui a manutenção predial, a gestão financeira, a segurança, a comunicação interna e externa, entre outros aspectos. Ao aplicar a Teoria das Restrições, é possível analisar cada um desses elementos, identificando pontos críticos que demandam atenção especial.

 

A manutenção predial, por exemplo, pode ser vista como uma das áreas mais sensíveis, onde a identificação precoce de problemas e a implementação de soluções rápidas são essenciais para evitar transtornos aos moradores. A Teoria das Restrições sugere que, ao focar nos gargalos, é possível aprimorar a eficácia das ações preventivas e corretivas, garantindo a conservação do patrimônio de forma eficiente.

 

No que diz respeito à gestão financeira, a obra de Goldratt também oferece lições valiosas. A identificação de restrições financeiras pode levar a uma análise mais aprofundada das despesas e receitas condominiais, possibilitando a adoção de medidas que otimizem a utilização dos recursos disponíveis. Isso pode envolver a renegociação de contratos, a busca por fornecedores mais eficientes ou a implementação de práticas de economia de recursos e contratação de garantidora de receita.

 

Visando a busca por uma abordagem mais abrangente encontra respaldo nas ideias de Jim Collins, apresentadas em “Empresas Feitas para Vencer” (2018). Collins destaca a importância de uma visão holística, argumentando que eficácia e eficiência não devem ser encaradas como opostas, mas sim como complementares. Para ele, as empresas verdadeiramente excepcionais atingem um estado de “confronto produtivo”, onde há um equilíbrio entre a definição de metas relevantes e a melhoria constante dos processos.

 

Transpondo esses conceitos para o universo condominial, percebemos a necessidade de encontrar um ponto de equilíbrio preciso. Isso implica não apenas em satisfazer as demandas dos moradores, mas também em gerir de forma eficiente os recursos disponíveis. Em outras palavras, a gestão condominial bem-sucedida não se resume apenas a atender às expectativas dos condôminos, mas requer uma abordagem estratégica que otimize a utilização dos recursos financeiros e humanos disponíveis.

 

Nesse contexto, é crucial para os síndicos e administradores de condomínios adotarem práticas que promovam não apenas a satisfação dos moradores, mas também a eficiência operacional. Isso pode envolver a implementação de processos transparentes, a busca por soluções inovadoras e a comunicação efetiva com os condôminos.

 

Além disso, a preocupação com a gestão financeira torna-se ainda mais relevante, uma vez que o equilíbrio entre receitas e despesas é essencial para a manutenção da saúde financeira do condomínio. A busca por fontes de receita alternativas, a negociação de contratos e a implementação de práticas sustentáveis são estratégias que podem contribuir para o alcance desse equilíbrio financeiro, como falado no tópico acima.

 

Em suma, a perspectiva holística proposta por Collins oferece valiosos insights para a gestão condominial. Ao encontrar o ponto de equilíbrio entre a satisfação dos moradores e a eficiência na administração de recursos, síndicos e administradores podem criar um ambiente condominial verdadeiramente excepcional, onde o sucesso vai além da simples resolução de problemas imediatos, estendendo-se à construção de um futuro sustentável para a comunidade.

 

Em linhas gerais, para os síndicos e administradores de condomínios, precisam compreender que a eficácia no gerenciamento transcende a mera escolha entre realizar as atividades corretas ou executá-las da maneira adequada. O verdadeiro desafio reside em alcançar um equilíbrio delicado entre ambas as abordagens. Inspirados por renomados pensadores como Drucker, Covey, Goldratt e Collins, é possível enriquecer o panorama da gestão condominial, elevando-a a um nível que não apenas conquiste resultados, mas que o faça de forma sustentável e impactante, promovendo harmonia e qualidade de vida para todos os envolvidos.

Ao analisar os insights de Drucker, destacamos a importância de definir claramente os objetivos e metas do condomínio, proporcionando uma visão estratégica que oriente as ações diárias. Nesse contexto, Covey nos ensina sobre a eficácia pessoal e interpessoal, ressaltando a relevância da comunicação eficiente e da construção de relacionamentos sólidos entre os membros da comunidade condominial. Esses princípios não apenas promovem um ambiente mais colaborativo, mas também contribuem para a resolução proativa de conflitos.

 

Ao incorporar as ideias de Goldratt, voltamos nosso olhar para a otimização dos processos condominiais. Identificar e eliminar gargalos, melhorar a eficiência operacional e adotar práticas sustentáveis não apenas impactam positivamente a gestão financeira, mas também favorecem a preservação do meio ambiente, aspecto cada vez mais relevante na sociedade atual.

 

Collins, por sua vez, oferece insights  sobre a construção de equipes de alto desempenho. Entender a importância da liderança compartilhada, do desenvolvimento contínuo dos colaboradores e da promoção de uma cultura organizacional sólida é fundamental para um condomínio prosperar em longo prazo.

 

Assim, ao reunir esses ensinamentos, os síndicos e administradores têm a oportunidade de auxiliar a moldar uma gestão condominial que vai além da simples resolução de problemas imediatos. Uma gestão que busca o equilíbrio entre eficácia e eficiência, promovendo não apenas a estabilidade financeira, mas também o bem-estar coletivo.

 

por Thiago Peichó

Referências Bibliográficas:

Drucker, P. (1990). O Gestor Eficaz. Editora Atlas

Covey, S. (2017). Os 7 Hábitos das Pessoas Altamente Eficazes. Editora Best Seller

Goldratt, E. M. (2003). A Meta. Editora Nobel

Collins, J. (2018). Empresas Feitas para Vencer. Editora Alta Books